21 de mai. de 2007

A caixinha dela


E então ela pegou tudo o que ele havia dado naquele dia e colocou numa caixinha de papelão. Parecia uma caixa de sapato, se não fosse por um cadeado plástico cor-de-rosa que prendia a tampa. E tudo que era dele e dela estava ali, tudo que ele a havia dado estava ali, até o pobre suspiro outrora dele estava ali. Ela disse “obrigada”, pisou na cama para alcançar o alto do seu guarda roupa e lá deixou a caixinha, por entre antigos itens empoeirados. Ele voltou para casa vazio de novo. Procurando desesperadamente por uma caixinha, até que descobre que nunca guardou algo de ninguém numa caixinha empoeirado no alto de um guarda roupas. Vai ver que o erro é ele.

6 comentários:

Mythus disse...

Acho que estou cansado de juntar coisas em caixas e guardá-las. Melhor seria se eu pudesse jogá-las fora e deixar que a dona espalhe suas coisas na minha casa.

Cedo ou tarde, qualquer um cansa de colocar caixas para levar poeira.

Anônimo disse...

Tão bonito o texto,emocionante.E meu palpite é que errada tava ela!

Rilma Medeiros disse...

"É sempre bom lembrar, que um copo vazio está cheio de ar.
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho, que o vinho busca ocupar o lugar da dor.
Que a dor ocupa metade da verdade,
A verdadeira natureza interior.
É sempre bom lembrar que o ar sombrio de um rosto está cheio de um ar vazio,vazio daquilo que no ar do copo ocupa um lugar..."

Lembrei dessa canção Do Gilberto Gil (por quem nem tenho muito apreço, mas gosto bastante dessa letra). Mesmo quando não exista uma 'caixinha empoeirada em cima do guarda-roupa'com tudo aquilo que era do outro, este ocupa um lugar, mesmo que seja um lugar vazio, em nós.
Texto triste, mas bonito.
Beijo.

Anônimo disse...

Lembrei de tantas caixinhas tenho lá no alto do meu armário, todas cheias de momentos, de sonhos desfeitos e até feitos também...
Decidi: Vou jogá-las fora, agora!
semana linda meu querido
beijossssssss
*O erro não é ele, acredite.

Anônimo disse...

na minha caixinha tem fotos dele, escova de dente, uma cueca (você leu certo), o horário do antigo curso dele, papéis de bombom, mais de uma centena de tickets de cinema, as quatro últimas carteira de estudante dele e dezenas de outras coisas que tem ligação direta com o moço. e agora que tudo acabou, eu tenho a chance de jogar tudo fora, mas sempre vou lembrar dos dias em que adquiri essas coisas. então, tanto faz :)

Roberta Gonçalves disse...

é daí que veio a expressão 'paperhart'. nah, foi não... =)

to de volta, viu? tá liberado lá.

besos, muah.