30 de mar. de 2011

Passear

Fios brancos caindo sobre os olhos escuros. Cabeça no chão frio. Um suspiro. É cedo. Ele observa pés indo e vindo de pessoas que acabaram de acordar. Observa por entre os finos pelos brancos que escondem parte do cenário. Logo, vozes emitem barulhos incompreensíveis. Pés descalços, depois calçados e ele percebe que está chegando a hora. Ainda com rosto no chão, ele levanta os olhos e vê que alguém se aproxima. Imediatamente a cauda move-se de um lado para o outro. Com preguiça, ele põe-se de pé. Recebe um breve, leve e calmo afago na cabeça. Todos os minutos de espera valeram a pena. É hora de caminhar com quem gosta. Não sabe do ontem, não importa do amanhã. Hoje é um dia feliz.    

17 de mar. de 2011

Pedro, o grande.

Pedro era mesmo um cara diferente do normal. Normalmente era o cara tal, o tal. Tal qual ele não havia outro Pedro. Como o Pedro, não tinha quem comesse o chão que ele pisava. E assim andava o Pedro, caminhando contra o próprio andar.

Mas o Pedro viu o que não queria, quando fechou os olhos. Por dentro seus olhos buscaram o que nele havia, mas nada havia nele. Vazio e grande, o Pedro desabou mas não fez barulho quando seu corpo encontrou o chão.

Vazio, o corpo de Pedro foi levado pelo vento. Ninguém sabe onde o Pedro foi parar. Até que todos pararam de procurar. Do grande Pedro não ficou sombra, não ficou ar. Ficou o que ele tinha de maior: nada.