Tommy Lee Rowlla começou sua carreira pelo começo, e não é redundância. Passava o dia sentado na bilheteria do Teatro da pequena cidade, a única coisa que separava suas nádegas suadas da dura madeira trabalhada era uma almofada carcomida e sem cor. Uma noite chuvosa, chovia muito em Borborema naquela época do ano1, um dos atores da peça quebrou a perna (literalmente) em cima da hora, para o chilique do diretor efeminado2, que chorava abraçado ao seu Bichon à Poil Frisé3. O faxineiro, mais homem do que todos ali, não pôde deixar de ouvir o choro e com a sabedoria de um monge tibetano dos anos 40 soltou: “Tommy, o rapaz da bilheteria se parece muito com esse ator que se lascou”. Num misto de purpurina e glitter uma idéia brota da cabeça do diretor: “Quero ele aqui a gora! Só faltam 10 minutos para o início da peça e ele vai entrar4”.
Já no palco, Tommy Lee Rowlla sentia que essa era a chance da sua vida. Ele faria um papel secundário, mas não importa. O diretor pediu para Tommy improvisar um pouco e deixar o resto com o elenco que tentaria contornar as brechas no diálogo. Deu-se no que deu: um verdadeiro caos. Em apenas 15 minutos de apresentação, a peça pseudo-intelectual que tratava dos problemas de pobreza dos países sem água potável na África contemporânea, virou uma verdadeira comédia. Tommy Lee Rowlla achando que o feio é bonito, desembestou a falar para o delírio da platéia que caiu em flatulência de tanto rir e gritava em uníssono: “Tommy Lee Rowlla! Tommy Lee Rowlla!
Depois do fiasco, Tommy Lee tentou a vida de ator, foi fazer um teste num filme porno-chachada, mas foi sumariamente demitido por não bater
- Não que isso importe, mas...
- Mais efeminado do que diretor.
- Cão “efeminado”, mais cão do que “efeminado”.
- Sem maldade.
- O faxineiro, orgulhoso do seu amigo, já havia espalhado o nome dele por todo teatro.
- Sendo Borborema, uma cidade onde há apenas 1 TV para cada 60 habitantes, melhor não saber.
PS - A culpa dessas notas de rodapé é da influência do Millôr...