“Macaco quando muito pula, quer chumbo”. Ouvi de Olavo Carvalho certa vez. Não que a frase seja oriunda do mesmo, não que o Olavo esteja sempre certo, mas ele tinha suas razões, assim como Oswald de Andrade ao dizer que o “O Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e de gente dizendo adeus”.
Rebeca era assim, não apenas como o Brasil, mas como o macaco saltitante também. A garota não parava (nem pairava) um segundo. O mundo era dela, o qual abraça com suas pernas1. Todo dia era dia de carnaval, para ela, claro. A garota aprendeu que não precisava de nada nem de ninguém, só esqueceu que tudo o que aprendeu se não era mentira era mentira2.
E Rebeca pulava de galho em galho, sempre dando adeus. Pulava feliz num ramo, via outro melhor e tchau. Sistematicamente. Um dia Rebeca cansou (ou, passou dos 25 anos) e foi descansar no galho mais seguro do bosque do eterno carnaval. O galho disse adeus e pulou em outra macaca3. Rebeca caiu triste. Já sem forças para pular de galho em galho (ou, nenhum galho mais a agüentava), ao léu, disposta na relva, desprovida de amparo e alento. Levou chumbo4 de um caçador que embaixo da árvore cochilava. Pois bem, meus amigos, um outro já diria, “a vida é uma piada, quem riu é porque não entendeu”.
- E o que fica entre elas.
- E vice-versa.
- Realidade em traje surreal.
- Sempre é época de caça às Rebecas.