Depois de tentar o teatro, ainda bastante abatido, Tommy Lee Rowla chega à cidade grande. Ainda era noite quando da janela do ônibus ele pôde observar os encantos da cidade que brilhava em letreiros luminosos e janelas acessas
De pé, correu atrás do que fazer. Não achou nada. Melhor, achou boné velho no chão, mas isso não importa muito. Enfim, nesse contexto de cidadão errante ele vê uma placa pintada artesanalmente no tapume de um shopping em construção, a placa carrega os dizeres: “precisa-se de pintor de placa”. Ele aceitou, falou com um bigodudo mal humorado, que mostrou onde ele iria começar seus afazeres.
Num canto da construção ele sentou-se num banco de madeira4. Do lado direito, várias tábuas5 bem cordadas, prontas para virar placa. À esquerda algumas latas de tinta vermelha e um pincel gasto. O bigodudo o olhou e apenas precisou dizer uma única vez as ordens para o recém contratado Tommy Lee Rowla. “Escreva em todas essas placas o seguinte: Precisa-se de pintor de placa”.
Segundos depois, um momento de indagação preenchia seu ser, Tommy Lee Rowla ficou a pensar: estaria ele participando da sua demissão? Quem pintou a primeira placa? Seriam os deuses astronautas? E nisso, voltou à realidade, privado de devaneios pôs-se a trabalhar. A vida real não permite ensaios e nem pintores preguiçosos.
1 – Para ser exato, oito notas de um real e três moedas de vinte e cinco centavos.
2 – Dele, obviamente. Um auto-burro-de-carga.
3 – Antes, cagou. Descobriu que não se deve confiar no pastel á la bus station.
4 – Carma?
5 - Para ser exato, mais uma vez, 23 tábuas.